Quem é o seu próximo?
(Ilustração por: Carla Llanos)
Olá, começamos com um breve aviso à você leitora(o)! Este é um texto para você mulher que vive nessa sociedade caída onde lutamos pra reerguer e estruturar todos os dias só que um pouco melhor a cada dia, espero eu. Isso não significa que, você homem, não possa continuar essa leitura, e aprender um pouco mais sobre esse universo feminino tão oprimido ao longo dos anos, para que você possa valorizá-lo, e quem sabe um dia ensinar sua futura filha de uma forma mais correta e menos distorcida, ou quem sabe ainda, tratar sua futura ou presente esposa com os valores devidos. Feito isso, bem-vindos!
Durante esse texto vamos conversar um pouco a respeito de comparação feminina, mas comecemos no princípio de tudo, a chamada: EDUCAÇÃO.
Você poderia falar com clareza, se eu te pedisse, sobre a educação que recebeu dos seus pais, e principalmente da sua mãe? Sobre como foi ensinada a se portar e até mesmo a olhar para as mulheres à sua volta? Em seguida, poderia falar como via às suas professoras sendo tratadas no jardim de infância, ou quem sabe, as mulheres nas visitas que fez ao trabalho do seu pai? Poderia expressar à sua indignação ao ser subestimada por um homem pela primeira na sua vida? Ou pior, por uma mulher!? Se você nunca passou por isso eu gostaria de dizer que você está num bom caminho, que talvez esteja cercada de mulheres fortes e corajosas por tanto tempo que não se lembra de ser diferente, ou talvez apenas tenha sido ensinada a não prestar atenção à essas coisas. Você escolhe.
(Ilustração por: Céleste Wallaert)
O fato é que, quando uma mulher cresce e adentra à sociedade, um pouco mais distante das sombras bem-vindas e acolhedoras dos pais por tanto tempo encaramos uma realidade, às vezes, bem diferente da que projetávamos em nossas cabeças, ou talvez você teve a infelicidade de conviver com ela desde muito cedo. E veja bem, não culpo os seus, os meus, os pais deles, é apenas uma herança infeliz, nos passada há um tempo.
Agora me diga, você poderia me dizer uma situação em que você foi extremamente bem tratada ou encorajada por uma mulher em alguma empreitada sua? Poderia dizer como uma outra mulher se sentiu ou, aparentemente se sentiu, ao ser elogiada por você? E melhor ainda, você já elogiou ou foi elogiada por uma mulher que não faz parte do seu círculo de amizade? Se sim, você sabe que essa é uma das coisas que enchem nossos olhos e coração nessa vida: RECONHECIMENTO E APOIO FEMININO.
Não sei como é a sua vida, mas vivemos em um mundo, uma sociedade, onde a comparação tem um lugar significativo, onde se compara quem se é, o que se compra, o que se tem, a lista não é pequena, e infelizmente não podemos dizer que é diferente entre nós mulheres, eu diria que é ainda mais presente. Todos os dias somos cutucadas pelo bichinho da comparação quando saímos nas ruas, e mesmo em plena quarentena, temos as redes sociais que não nos deixam nos afastar desse modo errôneo de viver e ver as coisas. Estamos sempre comparando nossos corpos, sejam mais magros ou mais gordos, com o falso padrão que nos é imposto, falso porque ainda que você chegue lá, vai perceber que na verdade é um poço bem mais fundo do que achava que era. Comparamos nossos sapatos, nossas casas e nosso trabalho. Mas quem é que disse que para ser bom precisaria ser melhor que o de alguém?
No mercado de trabalho é ainda mais difícil, por que como se não bastasse nosso trabalho ser comparado ao dos homens, nós o comparamos com o de outra mulher. E quanto às frases "Onde tem mulher, tem competição" "Os homens são muitos mais parceiros e amigos entre si"? Porque é tão difícil elogiar o trabalho de outra mulher, e pior, o mesmo que o seu? Porque elogios são tão raros e críticas cada vez maiores? Em um mundo onde já é difícil o suficiente ser mulher, não tornemos isso pior, não façamos disso uma guerra entre quem consegue subir mais, e sim quantas consigo fazer subir mais. Apoiemos, incentivemos, encorajemos, façamos o possível para diminuir às injustiças de salário, espaço e lugar das mulheres. Você certamente não gostou quando foi diminuída, então NÃO repita o mesmo à outras. Desejemos mais o bem e menos "o mesmo".
(Ilustração por: Kelci DeFrancesco)
Por uma sociedade onde mulheres se empoderem de si, sejam menos inseguras quanto aos seus corpos, jeitos e trabalho, que possamos ver e levantar mais projetos de mulheres, carregados de autenticidade e identidade própria, por menos comparações e menos cópias, por mais segurança e menos medo da exposição própria. Que elogiemos mais umas às outras e vençamos a barreira que criamos entre nós mesmas ao longo do tempo, que nos alegremos juntas e choremos juntas, que ergamos às caídas e sejamos erguidas pelas mesmas. Não deixe de valorizar o trabalho de uma mulher, seja dentro de casa ou em um escritório, pois há um valor inestimável sobre cada uma delas. Destaque e valorize aquilo que você tem de único, porque certamente é o que você tem de melhor.
Talvez você chame isso de feminismo, sororidade ou empatia, eu chamo de "meu próximo". Quem é o seu próximo?
Texto por Elizabete Costa
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